terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Troca de palavras

Para vosso conhecimento, deixo-vos aqui nota da missiva que recebi ontem e da resposta que, na mesma data, enviei:
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----- Original Message ----- From: "Jorge Feliciano"
To:
Sent: Monday, January 26, 2009 3:22 PM
Subject: Poetas Almadenses


«Boa Tarde Ermelinda,

daqui fala Jorge Feliciano, colaborador desde o ínicio do Debaixo do Bulcão.

Informo que em futuras antologias ou outras iniciativas de edição
organizadas pelo "movimento" dos poetas almadenses (ou alguma
organização formal ou informal a si ligada) faria muito gosto que o
meu nome não fosse incluído assim como qualquer trabalho meu.

Até agora tenho aparecido (e um poema sobre cenouras) sem me terem
consultado. Não o levo a mal, compreendo as boas intenções.
Mas daqui por diante tenha(m) em conta o presente mail.

Sem mais,

Jorge Feliciano»

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«Caro Jorge Feliciano,


Permita-me dizer-lhe que fiquei bastante surpreendida com esta sua missiva.

É verdade que não lhe pedi autorização para incluir um seu poema na antologia Alma(da) Nossa Terra, obra por mim coordenada, e onde são citados 250 autores.

Todavia, não considero que esse meu acto tenha ferido quaisquer direitos de que seja titular (na medida em que se trata de uma mera colectânea exemplificativa cuja selecção teve como único critério o meu gosto pessoal, foi feita a correcta citação bibliográfica e não existem fins lucrativos na divulgação por mim encetada).

Apesar disso, não tenho qualquer problema em lhe pedir desculpas, as quais espero aceite.

Ao contrário de si que refere que compreende as boas intenções e não leva a mal o facto de não ter sido consultado previamente, mas no entanto proíbe que, doravante, o seu nome e os seus trabalhos sejam por nós (Poetas Almadenses) utilizados.

Obviamente que respeitarei essa sua vontade, e pode crer com tanto gosto quanto aquele que diz ter, e dela darei notícia, assim como desta resposta, no blog Alma(da) Nossa Terra, onde o seu nome vem referido, pois não quero alimentar quaisquer equívocos futuros.

Estou consciente de que sempre agi correctamente e a prova disso é que nestes seis anos de duração do projecto, que começou em 2003 no “Café com Letras” em Cacilhas (onde, se não estou em erro, também chegou a participar em algumas sessões de Poesia Vadia), e até à presente data, o senhor é o primeiro e único autor de entre mais de três centenas, que apresentou uma reclamação desta natureza.

Termino, lamentando que, como se poderá deduzir pelo teor inicial da sua missiva, por detrás da sua posição possa estar um outro motivo não explicito e que parece, antes, assentar em razões de outra índole que não as que aqui apresentou.

Com os melhores cumprimentos,

Ermelinda Toscano»

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ó mar

Ó mar que és tão bonito
com as tuas ondas ondulando
e quando o sol está perto de ti
teu brilho é tanto.
Mas essa tua beleza,
também é traiçoeira,
quanta tragédia acontece
e tu que a tudo assistes
nada te entristece.
Gosto de te apreciar
mas tenho medo de ti,
se me puderes tragar,
a minha vida terá fim.



Zinda, “Verdadeiramente” Eu e os Meus Amigos

Quando beijo o céu

Quando beijo o céu,
o sol, a lua,
ou todos os astros,
tinge-se-me o corpo
de coloridos fartos.
Da tua boca,
do vazio dos teus beijos,
nem a frescura do aroma
mata a cor dos meus desejos!



Zeus, Inédito

As borboletas

Borboletas as tuas mãos
as nossas mãos entrelaçadas,
com os olhos azuis das borboletas,
a palpitar na impossibilidade,
dos olhos nas mãos
e as borboletas nos olhos.
Borboletas, olhos e mãos,
Esvoaçando em redor
De um sol verde.
Nas minhas mãos os olhos.
Nos teus olhos as borboletas,
Reflectindo o azul das estrelas.



Vítor Ferreira, Literatura Actual de Almada

Antes das baionetas floridas

Antes da cidade
havia um deserto
e um cravo aberto
voltado ao firmamento

também havia
trigo esperança
centeio herança
e homens sem cobardia

e as pessoas eram felizes
e as flores não eram colhidas

vieram depois os autocratas
e o lavrador burguês
trocou a enxada
pela espingarda guardada

assim nasceu a cidade
com rosas de caridade

agora o arado
são forças vencidas
do tal burguês camponês
onde cruzam baionetas floridas.


Victor Aparício, A Sinfonia de Uma Cidade

Quadras

Óh João casaste com uma velha
para te matares a rir,
mas põe a cama bem alta,
para a velha não subir.

No dia de S. João,
passei por a tua rua,
olhei para a janela,
e vi-te toda nua.

Subi por uma colina,
desci por um diamante,
vi a Andreia agarrada,
a um belo estudante.

Se tu gostas de um “tropa”,
um “tropa” te ama,
mas um mais giro,
é fazer “troc, troc” na cama.


Vera Lúcia Lopes, “Verdadeiramente” Eu e os Meus Amigos

Zero e vinte

Olá meu rouxinol!

Porque bates nas vidraças
com bandeiras de azeviche
se ainda vem longe o sol?

Será que a lótus vai abrir
Em meu jardim por florir?

Vá,
diz depressa
se o futuro vai passar!

Porque se assim for,
hei-de ir à torre mais alta
desfolhar uma flor!



Vaza Pinheiro, Literatura Actual de Almada

Mentem muitas vezes os que dizem que

Mentem muitas vezes os que dizem que
eu perdi a vontade de sonhar.

Dizem tantas coisas com palavras sem cor,
quiseram proibir a luz do universo...
e eram incessantes nas suas frases frias,
profetizando para o meu poema
o esquecimento.

Eu lancei-lhes aos olhos os raios deslumbrantes
de nosso sonho,
cravados no teu coração e no meu,
e reclamei o mar
que deixavam as nossas pegadas.

Me perdi de noite, sem luz, sob tuas pálpebras
e quando me envolveu a claridade
nasci de novo,
dono de minha própria ilusão.



Vang, Debaixo do Bulcão – Poezine, n.º 23

Não te amo mais

Não te amo mais.
Estarei mentindo se disser que
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
não significas nada.
Não poderia dizer jamais que
Alimento um grande amor.
Sinto cada vez mais que
já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu te amo!
Sinto, mas tenho que dizer a verdade
É tarde demais...

Obs: Agora leia de baixo para cima.



V. Mar, A_Verdade_da_Mentira (Blog)

Pequena história

Ao passar pelo Ginjal
a caminho de Lisboa,
tomei uma refeição
que estava muito boa.

Já a bordo do “cacilheiro”,
meu pensamento voava,
que era eu o primeiro
a dizer que te amava.

Ao pisar terra firme
da grande capital,
Deixa que te afirme
que te amo sem igual.

Tudo é possível
neste amor que te dou
que não é irreprimível
num começo que tardou.

Na vida há alegrias
e algum amor reservado
e aquele que tu queiras,
tenho-o no coração guardado.



Trovador, Versos Que Alguns Escreveram

Como são suaves

Como são suaves
as linhas do teu rosto,
o teu sorriso
acolhedor;
neles, a dor
é um risco incolor,
uma transparência:
o amor,
por excelência,
no seu máximo esplendor!



Toninho, Inédito

Caminhar pela vida

É sempre no dia a dia
Que conheço o teu valor,
Porém na tua ausência,
Julgo-te ainda melhor.

Não esperes recompensa,
Dá ajuda de verdade,
A felicidade é maior
Se for feita de vontade.

Sei bem aquilo que valho
Nunca gostei de favores,
Sou contra as hipocrisias,
Prémio de certos senhores.

De tudo já fiz na vida
Algumas se reflectir,
Só uma coisa não fui capaz,
Ter a coragem de mentir.

No teu lindo caminhar,
Vejo uma bela andorinha,
És a mais bela primavera
Que chegou e é só minha.



Tó Machado, Versos Que Alguns Escreveram