segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O estafermo

Do alto da velha Europa ouviu-se:
«Lixem-se o Mostrengo e o Adamastor!
Eu sou o Estafermo, a vossa dor!»
Hedionda e grossa esta boca riu-se...

Novamente, um ralho rude ouviu-se:
«Meus lábios são de negro horror!
A minha essência não tem cor!»
Em nevoeiros vários, Portugal zangou-se:

«Estafermo desaventurado, julgas a inércia
uma prova de sonho terminado?
Tu, a velha barbuda com alopécia?»

E nas ondas deitou a cabeça de lado,
sendo motivo da repetida inércia,
o marinho azul do mar encantado.



Rosa Espada, O Elias, n.º 7

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