segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Incongruência na saudade

Não... não pedi para existir;
Sem piedade, só egoísmo, vingança,
Doutros no martirológio subsistir,
Me atiram “SÓ” na luta de desesperança.

Eles partem, como ele, p’lo imposto;
Porque existiram, pela força imanente;
Vingam-se no imperativo do “gosto”...
Na consciente inconsciência de ser gente.

E eu? Luto, embora sem fim!
A vida não consigo viver
É ela que me vive a mim
E não mo deixa esquecer...

Até que revoltada estou...
Sem pedir a morte rondou;
Sem pedir a morte cercou;
Sem pedir a morte tocou.
Falando-me, a morte me visou.
À dita hora, a onze, gelou-me, levou
O pai, que o ser que sou!
No espaço-mundo-tanto amou.

Figuras imortais do meu gosto...
Resta, a existir, esperar,
Fingir ser matéria, trabalhar,
Chorando sobre elas, velando o rosto,
Até ao dia em que enfim,
Também, nem isso por mim,
Deixar de as lágrimas derramar,
Deixar enfim de Chorar...

SENHOR... etéreo, espaço que sei acreditar
“Miserere mei!”



Rosa Proença Adão, “Verdadeiramente” Eu e os Meus Amigos

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