sábado, 6 de setembro de 2008

A minha grandeza

Que os homens me trocem por ser sonhador,
que as gentes me mirem com ar espantado,
que os santos me acusem de ser pecador,
que até mesmo os loucos me julguem tarado;

que os outros não sintam como eu o ardor
da ânsia em que trago meu peito abrasado;
que eu seja sozinho a crer que o Amor
terá de ser feito de Alma e Pecado;

que todos me apontem nas ruas, nas praças ...
Tudo isto é pequeno, mesquinho e banal,
embora me traga desgosto a esmo.

Mas nada me importam as minhas desgraças
- que a grande grandeza é poder, afinal,
‘star sempre em pleno acordo com eu mesmo!



F. N. Bernardes-Silva, Poesia Extravasada

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