quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Deserdada

De pés descalços, rota, quase nua
O frio rasgando a carne dolorida.
P'la fome já tão fraca e tão vencida
Ela tropeça em quantos vão p'la rua.

E logo em sonhos sua alma flutua
E por momentos fica convencida
Que não será p'ra sempre assim a vida
Não pode ser tanta a desgraça sua!

E são seus sonhos fumo em espiral
Naquele dia véspera de Natal!
Criança pela sorte deserdada!

Constrói um mundo deste tão diferente
Com igualdade para toda a gente
E um lar a cheirar a madrugada.



Anabela Dias, Uma Dúzia de Páginas de Poesia,
Colecção Index Poesis, n.º 41

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