quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Tema da solidão

na leitura completa e transcendente
mergulhamos vazios neste café
onde a ausência funciona intermitente
num tejo mansarrão que perde o pé

intromete-se o rio na minha bica
neste momento ignoto introspectivo
e nunca sou aquele que atrás fica
tão somente um presente objectivo

sobre a palma rota desta mão
fica o futuro posto a descoberto
em volutas lineares de solidão

e todos vós amigos estais tão perto
do lume que incendeia o coração
que eu entro no café de peito aberto

de repente
reparo que o poema
se recusa ao que sinto
e se transforma inútil
no morfema
das dores em que me minto



Carlos Alberto Correia, Penélope e Outras Esperas

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