fazes da tua máquina o ponteiro
mas eu cá não sou idiota
sei bem ver que aqui não há gaivota
nem estrela morta no passeio
há cinzentos pincéis caiando as cores de feio
há vendilhões e construções mas não de sonhos ou canções
há bárbaros – os civilizados do progresso os donos do recreio
comprando vendendo dando de comer aos burlões
lugarejo febril de fabris sóis duros
sítio de facas de luz alguidares de plástico
esmerados neóns, capital gástrico
janelem-me de cimento, encham-me de elástico
ah, quão bom é ter paz com os olhos em muros
num negro sonhar caos e cânticos futuros
Gabriel, Debaixo do Bulcão – Poezine, n.º 19
domingo, 7 de setembro de 2008
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