domingo, 7 de setembro de 2008

Nos fios do sol

nos fios do sol
deixámos o nosso
atado

éramos pássaros
livres
(assim pensávamos)

o infinito cresce nos nossos olhos
de terra batida
onde nos cercamos de papoilas

aconchegados no silêncio
já não interrogamos
amamos
sugando a noite
até á última estrela

os vidros estão todos quebrados
os das janelas
os das lentes
os das clarabóias
mas não há frio
nem névoa
nem nuvens
que nos separem

atados
lado a lado
estamos do lado em que se nasce


Joaquim Matos, Literatura Actual de Almada

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