domingo, 7 de setembro de 2008

Escravos

Outrora
fora o tempo
da quimera
e agora
é o tormento
de uma espera

grilheta
circular
que quebra pé
sineta
a repicar
numa galé

... e pelos mares
do medo
navegando
esgares
de degredo
desenhando

débil no siso.
Homem vencido,
Doente, bruto...
Mordaz sorrido
Escurecido
Pelo escorbuto.

Mares navegados
fizeram história
honram a Grei.
E ignorados
Cantam glória
Dão “Viva!” ao rei...

São os escravos
rentes ao chão
da Caravela
cominhos, cravo,
ouro, açafrão,
chão de canela
pele de canela
“postos de lado”
sangue romã,
suor salgado
são a “janela”
sem ver amanhã;
- pranto cerrado!



Maria Leonor Quaresma, Literatura Actual de Almada

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