Olhou-a.
E ela, quieta, expectante...
Tinha olhos tristes e cansados.
Olhou-a sem a querer ver.
E ela, abandonada, com tempo de bolor...
Tinha cabelos rebeldes-de-noite-escura.
Uma noite de noites sem lua, mal dormidas.
E ela, ali estava, inerte, muda...
Abriu a janela.
Vento e chuva...
Uma lufada fria e molhada,
deixou-a ensopada, arquejante.
Pestanejou.
Chuva escorrendo, acariciando-lhe a boca.
Lambeu devagarinho aquela chuva,
ejaculada pelo dia vivo.
Ao lado, a mesa.
E ela... continuava ali, agora convidativa...
Olhou-a.
E desta vez, viu-a.
Sentou-se.
Mergulhou os dedos nos cabelos em estado de sítio.
Pegou nela...acariciou-a.
Renasciam as palavras.
E a caneta, há tanto tempo expectante e quieta...
Sorriu-lhe.
Nia, Inédito
segunda-feira, 8 de setembro de 2008
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