quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um pedaço do universo

Esta quietude de solidão
Afaga terrivelmente
Os meus hesitados sentidos.
Paira no ar algo perturbante.
Será que incha a angústia velha?
Sinto agora e só
O reumático cortante
Da revolta cansada.
Anseio a profilaxia,
Uma coisa nova de mais ser e sentido,

Existir e pensar;
Eis a nossa simplória condição.
Avarentos do que há-de vir,
Suportamos a nossa existência
Em nefandas – esperançadas
Interrogações.
Quem será por nós,
Quem?
Ainda não desvanecemos.
Ainda nos corre nas veias
Um sangue de desejo feito grito.
Quem é por nós
É quem insaciavelmente grita.
Quem grita diz:
- eu estou aqui,
Sou um pedaço de Universo!



Ângelo Rodrigues, Eu, o Ser e a Dúvida

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