respiro um rosto frágil,
um corpo que se diz ser.
não me encontro nos espaços transparentes
mas sigo-te e lembro-me da minha sombra
olho de água olho de água
primeiro nome não sonhado: o olhar que se vê;
o outro: um rosto abandonado ao ar, cego,
no caminho que vem.
sou o que veio
por um momento à luz – de tão longe.
olhos de silêncio olhos de silêncio
se não continuar, fico muda...
os lábios secam. a estranheza não respira.
há que tocar a morte dos dias
e jogar com os sonhos dos outros.
resta a ausência calada
resta um tempo do tempo
restam os restos das rezas das velhas do monte
os tijolos da casa vazia
resta o intervalo em vez do existir.
Ângela Ribeiro, Debaixo do Bulcão – Poezine, n.º 23
quinta-feira, 28 de agosto de 2008
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