domingo, 7 de setembro de 2008

SOBRE A ESCRITA aos desarmados

Perguntaste-me por que escrevo,
de onde emano tantas palavras
que invadem linhas com ternuras,
farpas aguçadas ou tonturas,
feito corrente de águas bravas.

Respondi-te que estas palavras
brotam do fundo do meu ser,
que são a voz do pensamento
que muitos trancam cá dentro,
amordaçando o que a alma tem para dizer.

Eu simplesmente aprendi
a deixá-la divagar
sem limites para o sonho,
sem regras a respeitar.

Mergulho então a minha pena
nas mil cores deste rio,
e ouvindo o seu cantar,
grito solto a delirar,
ordeno ideias em corrupio.

Quebra então essas correntes
que amordaçam o pensamento,
e exalta essa voz
(que existe em cada um de nós),
dá-lhe cor e movimento!

Aprende a escutar o que esta voz te diz.
A mim, disse-me para aprender
A olhar para ver, a sentir para crer,
A escrever para ser feliz!

Escrever é lembrar
o que foi, o que é,
é ganhar maturidade
defendendo uma fé.

Escrever é criar,
É soltar nosso ser,
É também um direito,
Uma arma um poder!



Maria Margarida Leal, Literatura Actual de Almada

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