No alto, imponente, ambíguo, mora o Cristo,
Sem cruz, sobre a cruz dos males de Almada,
Mudo, imutável de expressão velada,
Símbolo final do que está previsto,
Juiz dos males da cidade alada.
Subi ao cimo p’ra ver o que não vias,
E aqui neste sossego dilatado,
Onde começou um mal inacabado,
Quero calmamente encher os meus dias,
E colher a paz de ser ignorado.
Só os deuses não vêem lá do céu,
Mas disfarçado em nada, eu pude ver,
O passado proscrito a decorrer,
Neste mundo estrangeiro que não é meu,
Nem da vida que o tempo – adeus – me deu.
Lá estão as sete colinas à toa,
E o Tejo derramando a Capital,
E cá de cima, topo do Pragal,
Não só vejo as histórias de Lisboa,
Mas também toda a alma de Portgal.
Lourenço Gonçalves, Poesia a Cinco Vozes da Margem Sul, v. II
domingo, 7 de setembro de 2008
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