quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Pensamento em fúria

O olhar cansado
Observa a sala vazia
De pessoas e sentimentos.
Um gelo mecânico
Sobe pelo corpo
Derretendo-se no cérebro
Aquecido pelo pensamento em fúria.
Os passos no corredor
São fantasmas.
Os murmúrios das paredes
São vozes feridas
Na escravidão dos tempos.
No relógio das lamentações
Picam-se dias perdidos,
Há uma liberdade condicional
Na porta da saída.
Há um respirar acelerado
Na rua fria,
A chuva que cai lentamente
Refresca as ideias
Aprisionadas durante o dia
Nas salas onde pensar é proibido
Onde a memória se vai gastando.



António José Lopes, Literatura Actual de Almada

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